Atrás do espelho
Penso nestes trabalhos como pinturas que habitam um lugar diferente, suspeito, um pouco vulgar e ao mesmo tempo perfeitamente límpido. Como em toda pintura, os materiais têm um comportamento distante daquele que se associa à eles: o óleo vale por sua cor, o gesso pela opacidade, a graxa pela transparência. A pintura ordena a relação entre os elementos, mas o espelho não deixa eles se fixarem num plano definido. Pintar contra a superfície é uma forma poderosa de trazer a realidade física para a pintura. O espelho não permite isso: ele não deixa que a realidade se estabeleça. Sempre me perguntam onde está esta pintura, ou como eu consegui pintar atrás do espelho (como se isso fosse possível). A melhor resposta é de um amigo, que olhou o espelho bem de perto e disse, – gosto muito deste trabalho, ele é a minha cara.
Porcelanas
São fios, já foram chamados de espagueti. E também placas de porcelana que poderiam ser massas comestíveis. Estamos no terreno dos alimentos, já que tudo que não representa diretamente há de lembrar algo. Talvez as porcelanas exijam essa associação com a mesa e os alimentos. Ou talvez seja mesmo necessário colocar os objetos mais estranhos no seu devido lugar: em casa. Sobre a mesa quase viram uma natureza morta, faianças que imitam frutas ou animais. Eu sempre gosto dos nomes que vão recebendo – é bem melhor deixá-los sem título.
Penso nestes trabalhos como pinturas que habitam um lugar diferente, suspeito, um pouco vulgar e ao mesmo tempo perfeitamente límpido. Como em toda pintura, os materiais têm um comportamento distante daquele que se associa à eles: o óleo vale por sua cor, o gesso pela opacidade, a graxa pela transparência. A pintura ordena a relação entre os elementos, mas o espelho não deixa eles se fixarem num plano definido. Pintar contra a superfície é uma forma poderosa de trazer a realidade física para a pintura. O espelho não permite isso: ele não deixa que a realidade se estabeleça. Sempre me perguntam onde está esta pintura, ou como eu consegui pintar atrás do espelho (como se isso fosse possível). A melhor resposta é de um amigo, que olhou o espelho bem de perto e disse, – gosto muito deste trabalho, ele é a minha cara.
Porcelanas
São fios, já foram chamados de espagueti. E também placas de porcelana que poderiam ser massas comestíveis. Estamos no terreno dos alimentos, já que tudo que não representa diretamente há de lembrar algo. Talvez as porcelanas exijam essa associação com a mesa e os alimentos. Ou talvez seja mesmo necessário colocar os objetos mais estranhos no seu devido lugar: em casa. Sobre a mesa quase viram uma natureza morta, faianças que imitam frutas ou animais. Eu sempre gosto dos nomes que vão recebendo – é bem melhor deixá-los sem título.