O Apagador é uma sugestão de escultura. Não enche o interior do espaço com um gesto sólido que impossibilite nossa entrada mas com volumes sugeridos por panos brancos pendurados no teto. Estes balançam levemente no vento e cedem a quem encoste nelas. São colunas de luz, ou pelo menos colunas iluminadas, que por dentro estão vazias.
Rapidamente os ocos de Apagador nos levam ao horror vacuii e a um seu oposto, o medo do desmaiadamente cheio. Não dá para saber se Carvalhosa apagou ou subtraiu o volume interno do lugar, se o volume deixou de existir como se nunca tivesse acontecido ou se foi suprido deixando cicatriz e dor. Assim não sabemos se estamos sofrendo ou não. A brisa dentro da sala não alivia a premonição de um peso e de uma solidez fora dos seus lugares. Ele fez um caixão para o ar. Ou um caixão de ar.
Em algum outro lugar deve haver o costume do luto branco, mas não neste lugar. Aqui o visitante apressadamente enche este vácuo com toda espécie de espiritualidade.
Quando cessam os sons involuntários da obra, os panos estalando como lencóis ao vento e os passos ecoando entre rígidas paredes, nós percebemos que não há silêncio neste lugar. Existe sempre um som ao fundo, um horizonte sonoro. Parece o som que um filme faz entre o fim de um dialogo e o início de uma música. Entre o céu que rufa e a respiração exagerada. A voz da película em si, o xiado de algo sendo visto, a fricção entre o filme e o projetor.
Ficamos sem saber a origem e portanto o sentido deste som. Quando escutamos o som da passagem de um avião no céu acima percebemos que estamos escutando uma gravação feita dentro da própria sala em algum momento anterior. Alguém nos informa que uma gravação é feita toda noite e tocada no dia seguinte. Então estamos sempre ouvindo o som de ontem à noite. De repente o som soa romântico, como a memória de um gemido de uma amante. Mas permanece uma sensação inquieta. Parece que desceu uma cortina entre nós e o dia. A noite fora do lugar não consegue imprimir sua escuridão. Simplesmente o dia está cinza e sujo de som.
O ruído branco contém todas as frequências. Nele não há lugar para mais nada. Seus sonhos e desjos ficarão presos dentro de você. O ruído branco contém todas as frequências. Elas devolvem ao corpo aquilo que o vão tomou.
Dos apagões e do seu início – Nossos olhos diante de uma explosão, o instante onde o branco e o preto se confundem.
Os gregos pintavam suas esculturas, cabelos negros e bocas vermelhas
Nós deixamos o gesso branco
Robert Rauschenberg apagou um desenho de Willem de Kooning e apresentou o resultado como sua obra. De Kooning não gostou.
Em 1966 Robert Morris escreveu um ensaio em 3 partes chamado "Notes on Sculpture 1-3".
Especulou sobre a idéia do "gestalt" da escultura, uma escultura que teria as suas partes unidas de tal forma que a percepção não conseguiria separá-las.
Sobre a possibilidade de uma escala escultural entre o monumental e um tamanho medido pelo corpo.
Cy Twombly, conhecidissimo como pintor, tambem é escultor.
Só trabalha com madeira pintada de branco.
O disco branco dos Beatles
O disco branco do João
Branco dos Titãs
Os dentes brancos no sorriso de Louis Armstrong
O branco de sexta feira
O branco sobre branco da cruz do Malevitch ou dos panos de Alberto Pitta
As teclas brancas do piano
Os brancos que me dão
As brancas que me deram
O branco branquelo
O branco invisível para si mesmo
O branco do colarinho
O homem branco sempre no comando
O branco dos olhos – pode atirar
As nuvens
O Fantasminha
Eles que são brancos que se entendam.
Rapidamente os ocos de Apagador nos levam ao horror vacuii e a um seu oposto, o medo do desmaiadamente cheio. Não dá para saber se Carvalhosa apagou ou subtraiu o volume interno do lugar, se o volume deixou de existir como se nunca tivesse acontecido ou se foi suprido deixando cicatriz e dor. Assim não sabemos se estamos sofrendo ou não. A brisa dentro da sala não alivia a premonição de um peso e de uma solidez fora dos seus lugares. Ele fez um caixão para o ar. Ou um caixão de ar.
Em algum outro lugar deve haver o costume do luto branco, mas não neste lugar. Aqui o visitante apressadamente enche este vácuo com toda espécie de espiritualidade.
Quando cessam os sons involuntários da obra, os panos estalando como lencóis ao vento e os passos ecoando entre rígidas paredes, nós percebemos que não há silêncio neste lugar. Existe sempre um som ao fundo, um horizonte sonoro. Parece o som que um filme faz entre o fim de um dialogo e o início de uma música. Entre o céu que rufa e a respiração exagerada. A voz da película em si, o xiado de algo sendo visto, a fricção entre o filme e o projetor.
Ficamos sem saber a origem e portanto o sentido deste som. Quando escutamos o som da passagem de um avião no céu acima percebemos que estamos escutando uma gravação feita dentro da própria sala em algum momento anterior. Alguém nos informa que uma gravação é feita toda noite e tocada no dia seguinte. Então estamos sempre ouvindo o som de ontem à noite. De repente o som soa romântico, como a memória de um gemido de uma amante. Mas permanece uma sensação inquieta. Parece que desceu uma cortina entre nós e o dia. A noite fora do lugar não consegue imprimir sua escuridão. Simplesmente o dia está cinza e sujo de som.
O ruído branco contém todas as frequências. Nele não há lugar para mais nada. Seus sonhos e desjos ficarão presos dentro de você. O ruído branco contém todas as frequências. Elas devolvem ao corpo aquilo que o vão tomou.
Dos apagões e do seu início – Nossos olhos diante de uma explosão, o instante onde o branco e o preto se confundem.
Os gregos pintavam suas esculturas, cabelos negros e bocas vermelhas
Nós deixamos o gesso branco
Robert Rauschenberg apagou um desenho de Willem de Kooning e apresentou o resultado como sua obra. De Kooning não gostou.
Em 1966 Robert Morris escreveu um ensaio em 3 partes chamado "Notes on Sculpture 1-3".
Especulou sobre a idéia do "gestalt" da escultura, uma escultura que teria as suas partes unidas de tal forma que a percepção não conseguiria separá-las.
Sobre a possibilidade de uma escala escultural entre o monumental e um tamanho medido pelo corpo.
Cy Twombly, conhecidissimo como pintor, tambem é escultor.
Só trabalha com madeira pintada de branco.
O disco branco dos Beatles
O disco branco do João
Branco dos Titãs
Os dentes brancos no sorriso de Louis Armstrong
O branco de sexta feira
O branco sobre branco da cruz do Malevitch ou dos panos de Alberto Pitta
As teclas brancas do piano
Os brancos que me dão
As brancas que me deram
O branco branquelo
O branco invisível para si mesmo
O branco do colarinho
O homem branco sempre no comando
O branco dos olhos – pode atirar
As nuvens
O Fantasminha
Eles que são brancos que se entendam.